Existirá, na verdade, uma resposta mais horrível do que a falta de resposta? Romance existencialista repleto de suspense e angústia, A Mulher da Areia é a obra maior de Kobo Abe, mestre de uma escrita surrealista, na linha de Franz Kafka e Albert Camus.
Respeitando a tradução de Mário Braga da última edição de há cinquenta anos, a coleção Dois Mundos dá agora uma nova vida à intrigante história já adaptada ao cinema, num filme premiado em Cannes e nomeado para os Óscares. Rapto, fuga, devaneio amoroso, puro tédio ou suicídio: o que estará por detrás do desaparecimento do protagonista deste enigma metafísico? Um relato narrado de dentro para fora, como se o próprio leitor fosse uma partícula da massa cinzenta deste homem da areia, lendo-lhe, em simultâneo, as ações e os pensamentos.
O livro já se encontra em pré-venda e estará disponível nas livrarias a 7 de março.
SOBRE O LIVRO
Após perder o último autocarro para casa depois de uma viagem a uma zona costeira, em busca de novos insetos das areias, um entomologista amador encontra uma aldeola e é convidado a pernoitar numa casa ao fundo das dunas. Mas na manhã seguinte, quando tenta seguir o seu caminho, descobre que são outros os planos dos locais. Prisioneiro de uma areia que em tudo se infiltra, que é preciso constantemente escavar, tem apenas por companhia uma estranha mulher. Os seus destinos entrelaçam-se nesta fantasia assombrosa, de uma «beleza de morte», como a dos grãos que escorrem por entre as frinchas do teto que os deveria proteger.
SOBRE O AUTOR
Kobo Abe nasceu em Tóquio a 7 de março de 1924. A sua primeira obra publicada, um volume de poesia, surgiu em 1947. Em 1951, viu o livro de contos Kabe [O Muro] ser galardoado com o Prémio Akutagawa e ganhou reconhecimento público. A Mulher da Areia, lançado em 1962 e adaptado ao cinema por Hiroshi Teshigahara dois anos mais tarde, é considerado a sua obra-prima. Frequentemente comparado com Franz Kafka, pela originalidade de uma escrita onde o surreal e o claustrofóbico surgem como vias para questionar o indivíduo na sociedade moderna, Kobo Abe foi um dos mais prestigiados autores japoneses do século xx. Faleceu a 22 de janeiro de 1993.