2020-10-02

Será a violência um caminho para a paz interior?

Livros do Brasil publica nova edição de O Templo Dourado, de Yukio Mishima. Um marco da literatura do século xx, agora na coleção Dois Mundos, assinalando os 50 anos da dramática morte do autor.

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Baseado num incidente real ocorrido em 1950 — o ato incendiário de um monge que sofria de perturbações mentais —, O Templo Dourado espelha brilhantemente as paixões e as agonias de um jovem religioso no Japão do pós-Segunda Guerra Mundial, tendo ficado inscrito como um dos mais importantes romances de Yukio Mishima. A presente tradução foi feita a partir da versão em inglês, conforme a vontade expressa do autor no que à divulgação internacional da sua obra diz respeito.

 

O livro estará disponível nas livrarias a 8 de outubro.

 

Neste que foi o primeiro romance do autor nipónico a conhecer tradução portuguesa, corria o ano 1972, as personagens são condicionadas pela transformação drástica que à data da sua escrita a sociedade japonesa sofria. Nestas páginas encontramos intensos dilemas de amor-ódio de quem sofre com a ruína de uma tradição que se julgava perfeita e que, por isso, sente a compulsão de cortar radicalmente com o passado.

 

Sobre o livro

 

Mizoguchi, rapaz de frágil constituição e gago de nascença, vive complexado, ostracizado do mundo e desde a infância fascinado com o famoso Templo Dourado de Quioto. Quando integra aquele espaço como seu aluno, a perfeição estética da estrutura torna-se para ele uma obsessão, o exemplo da excelência, o objeto único do seu desejo, e o mundo exterior perde ainda mais relevância. Mas à medida que vê desenharem-se nas paredes do templo leves indícios de falhas, Mizoguchi convence-se de que o verdadeiro caminho para a Beleza reside num só ato, de libertadora violência.

 

Yukio Mishima

 

Novelista e dramaturgo, pseudónimo de Kimitake Hiraoka, nasceu em Tóquio em 1925 e suicidou-se de forma mediática, praticando o ritual japonês seppuku, a 25 de novembro de 1970, manifestando assim a sua discordância perante o abandono das tradições japonesas e a aceitação acrítica de modelos consumistas ocidentais. O idealismo que enforma a sua obra e conduzirá a sua vida está enraizado no tradicionalismo militar e espiritual dos samurais, e a sua conceção da arte liga-se a um elevado culto da alma e do corpo. Mishima é um dos mais conhecidos escritores japoneses, várias vezes apontado como candidato ao Prémio Nobel da Literatura e autor de obras inesquecíveis como Confissões de Uma Máscara (1948), O Templo Dourado (1956) ou O Marinheiro Que Perdeu as Graças do Mar (1963).